Esta é a questão que mais me colocam nas minhas sessões de preparação para o nascimento.
Ainda há muitas mulheres que acreditam na necessidade de aprender a respirar para o trabalho de parto como se não o soubessem fazer naturalmente.
Ainda há muitas mulheres que acreditam na necessidade de aprender a respirar para o trabalho de parto como se não o soubessem fazer naturalmente.
O Lamaze Institute, que divulgou amplamente esta técnica durante vários anos (que conhecemos em Portugal por método psicoprofiláctico), vive actualmente uma época de pouca aceitação a nível internacional, exactamente pela imagem de uma preparação para o parto focalizada na respiração.
No entanto, no seu último guia The Official Lamaze Guide, fala-se mesmo de repensar a respiração e relaxamento. Neste guia, a mulher é convidada a encontrar a sua própria respiração consciente, e a procurar outras formas de se manter activa para lidar com as contracções: andar, dançar, massagens, bolas de parto, baloiçar, etc. Resumindo, respirar já não é o ensino ou a prática, do Lamaze Institute.
No entanto, em Portugal, o método Lamaze utilizado nas preparações para o parto continua a ser focalizado na respiração.
O que diz M. Odent - "Assim, Lamaze, obstetra francês, pai da psicoprofilaxia ocidental, dizia e escrevia que uma mulher deve aprender a dar à luz tal como aprende a andar, a ler ou a nadar. Estas indicações despistaram o mundo inteiro, e com o tempo, resultaram numa crise. (…) Foi assim que gerações de mulheres gestantes foram preparadas para o parto. A interpretação do processo de parto como um processo involuntário que põe em marcha as estruturas ancestrais, primitivas, mamalianas do cérebro, pressupõe desfazer a ideia aceite de que uma mulher pode aprender a parir. Esta interpretação permite, inclusive, compreender que não se pode ajudar activamente uma mulher a parir. Não se pode ajudar num processo involuntário. Somente se pode evitar perturbá-lo demasiado."
In Michel Odent, El bebé es un mamífero, 1990.
Infelizmente, nos Hospitais/Maternidades ainda ouvimos:
"Encha o peito de ar, feche a boca e agora faça FORÇA!"
Frase conhecida pela maioria das mulheres que já passou pela preparação para o parto pelo método psicoprofiláctico (ou por um parto vaginal ).
Este tipo de respiração tem tecnicamente o nome de Manobra de Valsalva.
O que dizem as evidencias cientificas da utilização desta manobra no parto?
VER AQUI
Se experimentar encher o peito de ar, fechar a boca e fazer força,
independentemente da posição em que estiver, consegue perceber que o
efeito gerado é o contrário ao que o corpo necessita (o períneo é
contraído em lugar de descontrair).
Então porque é que ainda se ensina a respirar para o parto, então porque é que as nossas maternidades ainda usam a manobra de Valsalva?
Ao escutar-se os sons e gemidos emitidos pelas mulheres livres durante a fase de expulsão do bebé, facilmente os confundimos com os sons de satisfação de uma relação sexual amorosa. Quantas mulheres aceitariam ter aulas de preparação sexual em que lhe fosse ensinado como respirar e agir no momento de um orgasmo?
Nós, mulheres, temos de recuperar a confiança na nossa capacidade inata de parir, escutando os nossos instintos, em vez de esperar por ordens externas.
Então porque é que ainda se ensina a respirar para o parto, então porque é que as nossas maternidades ainda usam a manobra de Valsalva?
Ao escutar-se os sons e gemidos emitidos pelas mulheres livres durante a fase de expulsão do bebé, facilmente os confundimos com os sons de satisfação de uma relação sexual amorosa. Quantas mulheres aceitariam ter aulas de preparação sexual em que lhe fosse ensinado como respirar e agir no momento de um orgasmo?
Nós, mulheres, temos de recuperar a confiança na nossa capacidade inata de parir, escutando os nossos instintos, em vez de esperar por ordens externas.
Aos profissionais compete actualizarem-se com base em evidências científicas e deixar o parto fluir naturalmente no seu processo fisiológico.
O período expulsivo fisiologicamente funciona e não necessita de ser dirigido por técnicas respiratórias.
Fonte: Catarina Pardal
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